sexta-feira, 29 de maio de 2009

Hoje irei desistir de mim.

Quando acordei e passei à frente do espelho a imagem que lá se encontrava já não era a minha. Sim, em poucos meses tinha modificado muito. Tinha alterado a minha visão de uma vida que ficou pra trás, tinha alimentado a alma com palavras, o espírito com amor... e pra quê? Pra quê, se hoje acordo e o céu não está azul? Trago um sorriso mentido, uma alegria fingida. Porque o sol já não brilha. Não pra mim. Trago um corpo com uma alma apagada, porque a lua já não sorri. Não pra mim. Hoje vou deixar de amar quem amo, de querer quem quero. Vou deixar de sorrir. Só porque me apetece. Vou deixar de cantar o amor e o justo. Vou deixar de gritar a liberdade e o perdão. Vou deixar de correr para a vida e simplesmente deixar que ela passe por mim. Vou voltar a ser quem era. Alegre de olhos inchados e tristes. Indiferente à brisa que me chama, ao mar que se entrega, à águia que clama o eu que se liberta e voa... voa. Hoje vou desistir de mim. Dos meus sonhos. Vou até desistir das lágrimas e do sofrer. Vou apenas ser alguém que me representará nesta vida de teatros constantes, de frases estudadas, de sentimentos treinados e aprendidos. De voz bonita com palavras esperadas, de gargalhadas contidas e discretas... Hoje vou desistir de mim... Talvez assim seja mais feliz.